Mapa de 450, por Colin McEvedy
Após a investida sobre o Danúbio, durante o espaço de tempo duma geração, os hunos conservaram-se extraordinariamente tranqüilos; porém, sob o domínio de Átila (433-453), tiraram plenamente partido das suas forças e da fraqueza de ambas as partes do império. Conseguiram subtrair ao império oriental terras e subsídios enormes, e alargaram o seu domínio até à Alemanha, dizimando os borguinhões (436), que tinham sido de novo acantonados, em torno de Genebra, pelos romanos, na condição de federados (443). Só os francos (sálios), no Nordeste da França, conseguiram escapar à sua lei; os alamanos, os francos do Reno (ripuários) e todas as outras tribos situadas a leste destes eram vassalos dos hunos.
Em 451, Átila entrou com o seu exército e tropas auxiliares germânicas em França. Um corpo heterogêneo de romanos, borguinhões e francos, cujo suporte era constituído por visigodos, foi reunido para lhes fazer frente. Átila bateu em retirada de Orléans (o ponto mais a ocidente alcançado por qualquer dos conquistadores altaicos) e os exércitos encontraram-se em Campus Mauriacus. A batalha foi dura mas não decisiva - o primeiro revés de Átila - e, embora recuasse até à Hungria, o seu poder em pouco foi prejudicado. No ano seguinte fez investidas em força na Itália, só as abandonando à custa de resgates. Morreu nesse inverno, e o império que legou aos filhos, demasiado numerosos, foi destruído por uma revolta germânica. Os germanos, comandados pelos gépidas, esmagaram os dominadores na batalha de Nedao (454).
Enquanto a Europa se encontrava paralisada e quase unida perante a ameaça de Átila, a África foi invadida pelos vândalos asdingos (428), que fizeram chantagem com os romanos, ansiosos de preservar o fornecimento de cereais vindos da África para a Itália, conseguindo as melhores províncias (442). O rei Genserico, astuto e implacável, consolidou o poder e mandou construir uma armada.
A Inglaterra, esquecida de Roma, sofreu os ataques de quase todos os outros povos: pictos, irlandeses, anglos, saxões, jutos (1) e frísios. Os jutos chegaram mesmo a fixar-se no Sudoeste (449). Parte dos bretões escaparam passando-se para França, onde criaram uma comunidade independente na península de Brest, e passaram a ser designados com o nome de bretões.
O poder dos cuxanos, vizinhos dos persas, a oriente, tinha começado a declinar regularmente no século II d. C. No princípio do século V os cuxanos estavam já totalmente assimilados pelos persas; e quando foram expulsos pelos hunos brancos (440), tribo mongólica que migrou da região do Altai, a Pérsia, a Pérsia perdeu, não um inimigo, mas um escudo protetor. Os recém -nascidos deram provas de serem extremamente agressivos, espalhando o terror nas províncias orientais do império persa e no que restava de cuxanos no Afeganistão.
(1) Esta é a opinião clássica, mas é provável que a Jutlândia, na Dinamarca, fosse governada pelos dinamarqueses durante um período de tempo bastante longo, antes da conquista do Sudeste da Inglaterra, e isto por obra das tribos frísias. Estas poderiam incluir os jutos, que saíram da Dinamarca e se estabeleceram temporariamente na Frísia.
por McEVEDY, C. Atlas da História Medieval. São Paulo: Verbo-EDUSP, 1979.
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