Causas do Declínio da Civilização Antiga

NUM livro dedicado à História da civilização antiga, o leitor tem o direito de buscar a resposta à seguinte pergunta: Por que uma civilização tão poderosa e brilhante, resultado de sé­culos e aparentemente destinada a durar muito mais, degenera gradualmente? Em outras palavras, por que a capacidade criadora de seus construtores esmorece, e com isso a humani­dade lentamente retoma a condições de vida primitivas e ex­tremamente simples, e recomeça a criar outra civilização, par­tindo dos rudimentos, revivendo as antigas instituições e estu­dando os velhos problemas? Para voltar ao nível em que o homem viveu durante muitos séculos, é necessário um nôvo esfôrço, também de vários séculos.

Muitas respostas foram dadas a essa pergunta por histo­riadores, filósofos, economistas, estudantes de Sociologia, Fi­siologia e Teologia. Não é êste o momento de examinarmos todos os métodos propostos para a solução do problema. Digo, porém, uma coisa: a maioria dessas publicações leva em conta apenas um dos sintomas, que anunciam a queda da criação cultural, e o considera como a causa do declínio, no conjunto. Permito-me, sem entrar em discussão polêmica, expor a solu­ção do secular problema que acho mais provável.

Que entendemos por "declínio" de uma civilização antiga?

Que há na raiz dessa constante reversão do homem civilizado ao estado primitivo de barbárie? Sempre que observamos ês­se processo, notamos também uma transformação psicológica nas classes da sociedade que, até então, haviam sido as cria­doras da cultura. Sua capacidade de criação e sua energia se esgotam, o homem se cansa e perde interêsse na criação, deixando de valorizá-la. Desencanta-se, sua vida íá não é mais um esfôrço em prol de um ideal criador em beneficio da humanidade. Seu espírito passa a ocupar-se dos interêsses materiais, ou de ideais desligados da vida terrestre, e noutra consubstanciados. Neste último caso, o centro de atração se desloca da Terra para o Céu, ou da Terra para o mundo do além-túmulo.

Processo semelhante repetiu-se com freqüência na História antiga, e seus exemplos mais evidentes e inequívocos são o de­clínio da civilização da idade helênica e do Império Romano. Na História do Oriente, são muitas as quedas de grandes civi­lizações, provocadas pelas causas externas, como uma conquis­ta estrangeira. Assim foi que os cassitas conquistaram a Ba­bilônia e os hicsos governaram o Egito; os persas destruíram a Assiria, o império hitita foi derrubado pelos trácios (* nota atual: O império hitita foi derrubado não pelos trácios, e sim pelos "povos do mar") e o reino frigio pelos cimérios. Aconteceu freqüentemente ser o decli­nio apenas temporário, logo seguido pela recuperação: foi o que ocorreu no Egito, por exemplo. Além disso, a transferên­cia de uma civilização a outra é característica do Oriente, de modo geral: os assírios herdaram a cultura da Babilônia, que passa em seguida aos persas e dêstes aos partos e à dinastia sassânida, numa sucessão ininterrupta até nossos dias. Há pausas maiores ou menores, mas não uma cessação definitiva. Pode ser que a cultura oriental tenha mais capacidade de per­manência, pelo fato de seu esfôrço criador não atingir nunca as culminâncias a que chega o gênio grego e romano. No Leste, não observamos nunca aquela modificação geral e per­manente da atitude mental, que é característica do Oeste, e a razão é provavelmente esta: a cultura oriental se baseava numa interpretação religiosa definida, que sobrevivia a tôdas as modificações circunstanciais e salvava os homens de caírem na inatividade do desespêro.

A História da cultura ocidental, porém, é diferente. Ela pertencia a pequenos grupos separados, pequenas unidades so­ciais e políticas, combinadas na formação de uma cidade-Es­tado, nas quais continuava sendo algo individual, confinada a uns poucos escolhidos. Nascia da luta - luta contra inimigos estrangeiros e luta dentro do Estado, na defesa de certos ideais. O objetivo da guerra contra os estrangeiros era a independência política, ao passo que o conflito interno era criado pelo desejo de condições de vida melhores, mais perfeitas e justas, embora cada homem, sem dúvida, tivesse sua própria concepção de "justiça". A crença na onipotência do homem, na sua razão e na capacidade desta em resolver todos os problemas, práticos ou estritamente filosóficos e científicos - essa crença inspirou e tornou possível aos melhores espíritos lançar as bases do que chamamos de atitude científica. A isso se acrescenta uma ma­ravilhosa capacidade artística, que lhes permitiu vestir seus ideais com formas visíveis e produzir obras-primas de literatura e arte.

Na História remota das cidades-Estados gregas essa cul­tura, criada por uma minoria, era propriedade comum de todos os cidadãos, estendendo-se mesmo a todos os habitantes da ci­dade, sem exclusão dos escravos. O desenvolvimento econô­mico, porém, produziu com o tempo uma aguda distinção na sociedade e dividiu a população das cidades gregas em dois grupos constantemente opostos - "os melhores" e "os piores", que de modo geral podemos identificar como os ricos e os po­bres. Assim, gradualmente a cultura tornou-se restrita aos seus criadores e à classe a que pertenciam: tornou-se a cultura da aristocracia apenas.

Quando, após a morte de Alexandre, o Grande, a cultura da cidade-Estado grega conquistou a cultura oriental e tomou seu lugar - quando os habitantes das novas e antigas cidades­-Estados tornaram-se a classe dominante nó Leste, a civilização grega floresceu então mais exuberante do que nunca, pois a atividade criadora da aristocracia intelectual grega encontrou um campo mais amplo, com a expansão do número de suas ci­dades. Essa cultura, porém, estava ainda confinada a uns poucos eleitos, especialmente no Oriente, onde a massa do povo nun­ca aceitou integralmente um sistema que lhe era estranho e incompreensível. Enquanto isso, na Grécia, a luta de classes acentuou-se ainda mais, e êsse, juntamente com a tendência ao separatismo, foi o motivo pelo qual as cidades-Estados não tiveram, em conjunto, êxito na luta contra os monarcas que herdaram o poder de Alexandre. Nunca se renderam, porém, de forma definitiva à autocracia helênica e, com o tempo, grande número de cidades gregas desfrutou independência com­pleta ou parcial.

A cidade-Estado grega perdeu finalmente sua liberdade quando a Grécia foi conquistada pelos romanos, conquista pre­cedida de um longo período de anarquia política e social. Ape­sar de sua cultura superior, apesar de seus maravilhosos tro­féus intelectuais e artísticos, a Grécia tornou-se escrava dos homens que considerava bárbaros. Na confusão que prece­deu à conquista romana e na apatia que a ela se seguiu, as prin­cipais vítimas foram os melhores espíritos, aquêles que ainda mantinham vivos os ideais de liberdade gregos. Tais homens estavam, mais do que os outros, sujeitos àquela modificação da atitude mental de que falei acima. Passaram a duvidar da ra­zão, seus ideais foram esmagados por seus próprios pés, e mer­gulharam num materialismo vulgar ou buscaram a salvação nas religiões místicas.

Encontraram, porém, sucessores no Ocidente - homens guiados pelos mesmos ideais e crenças intelectuais e governa­dos pelas mesmas instituições políticas. A cidade-Estado gre­ga foi substituída pela cidade italiana e pela cidade de Roma, a líder de uma aliança entre elas. A aristocracia romana to­mou o facho da civilização da Grécia e continuou, dentro das mesmas linhas, a sua missão, acrescentando-lhe as qualidades que lhe eram peculiares. Roma, porém, era mais do que uma cidade-Estado: era a cidade que governava um império, e para cada cidadão romano tinha centenas de súditos. Na própria Roma, a aristocracia que havia criado a nova civilização ita­liana foi forçada a suportar o conflito doméstico que dividira a Grécia. Mas, enquanto Roma lutava pelo predomínio político no mundo antigo, a divisão de classes dentro do Estado perma­necia em segundo plano, ou pelo menos não provocava derra­mamento de sangue. Logo, porém, que ela se tornou dona do mundo, o poder dos "melhores homens", os optímates ou aris­tocracia, foi assaltado pelos cidadãos em geral. Seu grito de guerra era uma distribuição melhor e mais justa da riqueza e uma forma mais democrática de govêrno. Por oito anos arras­tou-se êsse sangrento conflito, e a aristocracia dêle saiu derro tada e desmoralizada. Seu lugar foi tomado pela classe média italiana, e a esta coube, por sua vez, o dever de manter o elevado padrão da civilização.

A classe média pagou caro sua vitória, Embora a consti­tuição municipal e a liberdade dos cidadãos fôsse preservada, pelo menos aparentemente e durante certo tempo, mesmo as­sim uma nova superestrutura, na forma do poder imperial, pairava acima do Estado. Aquela liberdade - não apenas a política, mas também a de pensamento e criação, que maior valor tinha para os espíritos mais nobres - diminuiu ainda mais, e a própria concepção de liberdade foi rebaixada, até sig­nificar a submissão voluntária de todos a um, mesmo que êsse um fôsse o melhor dos melhores, mesmo que fôsse o Princeps. E até mesmo essa liberdade pertencia apenas aos que possuíam
O título de cidadãos romanos: aos milhões espalhados por todo império, êsse discutível privilégio era negado.
O estabelecimento do impérío trouxe consigo um nôvo impulso do gênio criador. Mas, como já dissemos antes, faltaram a êsse progresso o entusiasmo e a fôrça que mar­caram as realizações das cidades gregas e mesmo da Roma republicana. Desde o início, traz êle a marca do cansaço e desapontamento - a marca característica de uma era pós-revolucionária. Mais tarde, na atmosfera calma da paz, ordem e prosperidade, êle se torna ainda mais fraco, e sua energia aca­ba por desaparecer inteiramente. As classes superiores, com exceção das casas senatoriais que os imperadores perseguiram e exterminaram, levavam uma vida calma e fácil. Sob a guar­da do imperador, não precisavam preocupar-se com o futuro. Roma não tinha rival, a civilização romana não encontrava com­petidor. A opinião geral era que Roma, sua civilização, seu sistema político, eram imortais. Não havia com quem lutar, nem por que lutar. O próprio governante pregava a paz e não o conflito à comunidade. Que havia então para buscar, quan­do tudo já fôra encontrado? Além do mais, a busca era algo de perigoso, e poderia trazer conseqüências desagradáveis para quem a empreendesse.

Nessa atmosfera de contentamento indolente, as classes pri­vilegiadas, particularmente a classe média urbana, encontra­ram seus ideais no prazer, na procura do lucro e na consecução das vantagens materiais. O homem tornou-se egoísta, buscando apenas a ociosidade e a distração. Em tal era de estagnação e esterilidade, os melhores espíritos tornaram-se descontentes com a vida, que lhes parecia incompleta - quando verificaram que isso a nada conduzia, perderam a fé na fôrça da razão, que lhes faltava a todo momento, enquanto a vigilância e a censura do governante se acentuaram. O gênio criador minguou e a ciên­cia repetia resultados Já conhecidos. O livro didático tomou o lugar da pesquisa; nenhuma nova descoberta artística foi feita, ouvindo-se apenas os ecos do passado, perfeitos na sua forma, mas destituídos de significado. Também a pena, o buril e o lápis produziram trabalhos extremamente inteligentes, capazes de atrair e divertir, mas incapazes de elevar e inspirar o es­pírito.

Os que se recusaram à rendição buscaram refúgio na reli­gião. Procuraram livrar-se da mesquinhez da vida real com a contemplação de Deus e na comunhão com o mundo invisíve1. Incapazes de trabalhar para outros ou de lutar pela vitória de qualquer grande causa, retiraram-se inteiramente para dentro de si mesmos, adotando a autoperfeição como ideal, o desenvol­vimento constante de seu próprio ser moral e espiritual. Sob o exterior brilhante do Império Romano sentimos a falência da fôrça criadora e a falta de gôsto por ela. Sentimos o cansaço e a indiferença que minaram, não apenas a cultura do Estado, mas também seu sistema político, sua fôrça militar e seu pro­gresso econômico. Um dos sintomas dessa indiferença é o suicídio da raça - a recusa à perpetuação da espécie. As classes superiores eram recrutadas de fora, e não de dentro, e se extin­guiam antes de ter tempo de passar às gerações seguintes a he­rança da cultura.

Essa vida fácil e requintada não estava ao alcance de todos os súditos do império. A cultura se limitava a uma mino­ria - à classe urbana próspera. É certo que os membros dessa minoria tornaram-se muito mais numerosos naquele período: novas cidades surgiram por tôda parte - entre os celtas, iberos, ilírios, trácios e berberes, no Ocidente; nas montanhas e vales da Ásia Menor, e Síria, e nas planícies da Arábia, no Oriente. Esse aumento numérico deve ser analisado em relação a outros fatos. O proletariado urbano de escravos e libertos crescia com a mes­ma rapidez, ou talvez mais ràpidamente ainda, e o mesmo ocor­ria com a população rura1. Nenhuma dessas classes participa­va da ociosidade e da prosperidade de seus superiores sociais - seu quinhão era o trabalho e algo próximo da mendicidade.

A cultura dos habitantes da cidade não lhes era destinada, e deviam sentir-se felizes quando podiam recolher-lhes as miga­lhas. Assim, a impotência e a ociosidade das classes dominan­tes provocaram nova crise social e econômica no império. Os imperadores de maior visão compreenderam o perigo, mas era difícil, e até arriscado para um governante, despertar as classes superiores de sua apatia. Por outro lado, a resistência teimosa, embora passiva, das "classes" tornava quase impossível elevar livremente a situação das massas.

A evolução dêsses estados de espírito - apatia entre os ricos e descontentamento entre os pobres - foi a princípio len­ta e secreta. Subitamente, tornou-se aguda, quando o império foi forçado, após dois séculos de paz e tranqüilidade, a defen­der-se contra inimigos externos. A época pedia uma grande demonstração de entusiasmo. Mas os ricos não podiam ser des­pertados de sua indiferença, e os pobres, vendo a impotência e a fraqueza dos que lhes eram superiores, e privados de qual­quer participação naquela satisfação ociosa e indolente, enche­RAM se de ódio e inveja. Compreendendo essa doença interna do Estado, os governantes tentaram forçar seus súditos a de­fender o império e sua civilização. A mão da autoridade caiu pesadamente tanto sôbre os ricos como sôbre os pobres. Para salvar. o império, começou a esmagar e arruinar a população, humilhando os altivos, mas sem elevar os humildes. Daí sur­giu a catástrofe social e política do século lV, quando o Estado, apoiando-se no exército ou, em outras palavras, nas classes inferiores, derrotou as classes superiores, deixando-as humilha­das e na miséria. Foi um golpe fatal na civilização aristocrá­tica e urbana do mundo antigo.

Este jamais se recuperou dêsse golpe. A fôrça criadora da aristocracia fôra, finalmente, minada. A satisfação indolente e pacífica dos dois primeiros séculos deu lugar à apatia da seni­lidade, à indiferença e ao desespêro. Em seus sofrimentos, o homem procurou abrigo não na vida, mas além dela: esperava descanso e felicidade num mundo futuro. As classes inferio­res nada lucraram com a vitória: a escravidão e a ruína finan­ceira foram seu quinhão. Também elas, após os horrores do século IV, encontraram refúgio na religião e na esperança de felicidade na vida futura. Nessa condição de impotência o império passou seus últimos dias, simplificando cada vez mais a existência e dela exigindo cada vez menos. O Estado, apoiando-se sobre as ruínas da passada grandeza, continuou existindo enquanto sua cultura e organização foram superiores às de seus inimigos. Quando essa superioridade desapareceu, novos senhores tomaram conta daquilo que se tornara um or­ganismo exangue e lasso. Tôda a fôrça criadora que lhe res­tava afastava-se dêste mundo e de suas exigências, para apren­der como conhecer Deus e unir-se com ele.

Também no caso do Império Romano o declinio da civi­lização não pode ser atribuído à decadência física, a qualquer enfraquecimento do sangue entre as classes superiores, provo­cado pela escravidão, nem às condições econômicas e políticas, mas antes a uma modificação na atitude do espírito dos ho­mens. Tal modificação foi provocada por uma cadeia de circunstâncias que produziu as condições de vida especifica do Império Romano. O processo foi o mesmo na Grécia. Uma dessas condições, e de grande importância, foi a natureza aris­tocrática e exc1usivista da civilização antiga. A reação mental e a divisão social, em conjunto, privaram o mundo antigo do poder de conservar sua civilização, ou de defendê-la contra a dissolução interna e a invasão externa da barbárie.


Por ROSTOVTZEFF, M. História de Roma. Rio de Janeiro: Zahar, 1977 (original de 1921).


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Comentário de Maytê Vieira

O autor busca a explicação para o fim do mundo antigo, inicia com o seu objetivo responder o questionamento: como uma civilização brilhante e poderosa degenera gradualmente? Para responder a questão são usados exemplos de civilizações anteriores a romana que após algum tempo de crescimento e glória igualmente chegaram ao fim, seja por conflitos internos ou externos, sendo totalmente destruídas ou absorvidas por outro povo. Rostovtzeff demonstra que para entendermos o quadro geral da situação primeiramente é necessário entender o significado de declínio de uma civilização. O que torna este desfecho possível e contribui para isto. Uma de suas hipóteses é a transformação psicológica da sociedade, principalmente nas classes criadoras da cultura, geralmente as classes mais altas e aristocráticas. Seu mundo se desloca do terreno para o além tumulo, esperando lá encontrar uma vida melhor quando se esgotam as possibilidades neste. Em sua busca da resposta, o autor aponta uma das diferenças cruciais entre Oriente e Ocidente: “a cultura oriental se baseava numa interpretação religiosa definida”, a Ocidental é diferente, baseia sua cultura na ciência e na razão. A cultura é individual, acessível a poucos escolhidos. Quando a Grécia foi conquistada por Roma, sua cultura encontrou o eco na sociedade romana que tomou como missão continuar a cultura grega, entretanto, Roma era mais que uma cidade-estado, era a cidade que governava um império. A sociedade romana a considerava a “cidade eterna”, a “senhora do mundo”, com o império e a paz garantida, a sociedade romana passou a buscar apenas o lucro, a ociosidade e a distração. Os poucos que não se contentavam com esta existência vazia, buscavam preenchimento na religião e no mundo espiritual. Ao invadirem Roma, os bárbaros encontraram uma população sem forças, sem energias e adormecida em sua indolência e incapaz de lutar. Toda a vitalidade do império estava voltada para Deus e o mundo celeste. Ao final sua conclusão consisti em que as mudanças de mentalidade somadas aos conflitos internos impediram as civilizações antigas de se manterem prósperas e de afastar os ataques exteriores dos bárbaros estrangeiros.