Mapa de 737, por Colin McEvedy




O primeiro fluxo vindo do Islão tinha-se esgotado por volta de 650 e embora raramente reinasse a paz nas fronteiras do novo estado, na primeira metade do século se­guinte a anterior escalada épica não teve continua­ção. Os bizantinos, com uma fronteira mais reduzi­da do que anteriormente, contra-atacaram na Ásia Menor e persistiram na conquista da Tunísia. Po­rém, a conversão dos berberes trouxe novas forças ao Islão na África e em 696 as províncias bizantinas nesse continente foram dominadas. Os conquistadores passaram a Espanha e a derrota dos visigo­dos (711) entregou toda a Península aos árabes, com exceção de uma faixa a norte (1). Os invasores tomaram igualmente a região visigótica da França e começaram a alargá-Ia com energia. Os francos, todavia, tinham sido reunificados por uma série de competentes prefeitos do palácio que, governando em nome dos descendentes impotentes de Clovis, restauraram o vigor dos primeiros tempos do impé­rio. Em 732, o prefeito Carlos Martel infligiu aos árabes uma derrota decisiva, que fez com que dei­xassem de constituir uma ameaça para a França, embora as incursões árabes continuassem, com fra­ca intensidade, durante alguns anos.

Nas frentes central e oriental. O califado levou um pouco mais de tempo para conseguir voltar a respirar. A conquista final da Armênia, Ibéria e la­zica não foi terminada senão em 717; este sucesso foi seguido de uma invasão destruidora dos países cazares originais (737), invasão que pôs fim à grandeza do canado (2). Mas o grande ataque, vindo do mar, contra Constantinopla (717-718) falhou re­dondamente e os bizantinos não foram dominados. Contudo, na Anatólia, as suas fronteiras foram pouco a pouco reduzidas e nos Balcãs viram-se for­çados a ceder território ao poder crescente dos búl­garos danubianos (679). As conseqüências políticas do fim da lei bizantina na Itália central e no Leste Mediterrânico - engrandecimento do reino lom­bardo, independência de Nápoles, Amalfi e Vene­za, e aparecimento dos estados pontifícios - são visíveis neste mapa. O que aconteceu à Córsega e à Sardenha é incerto.

As divisões e dissensões entre os turcos facilita­ram relativamente a expansão dos árabes para leste, mas mais uma vez só no século VIII haviam domi­nado um território considerável e - tal como na África - as conquistas foram obra da energia do emir local (governador), mais do que do comando do califado. Os próprios califas estavam prepara­dos para aceitar a independência efetiva da aristo­cracia das montanhas do Tabaristão, muito mais perto do seu país nata!

Na Bretanha, o reino da Nortúmbria tornou a dominar os anglo-sáxões (655) e reduziu à vassala­gem os galeses (assim se tinham passado a chamar os britânicos) de Strathclyde, os pictos e os escoce­ses. Mas o renascimento foi de curta duração, e mesmo antes que os pictos e os escoceses se liber­tassem do jugo da Nortúmbria os outros reinos anglo-saxões haviam já passado a estar submetidos a Mércia (679).

(1) Esta incluía os bascos, forçosamente independentes, e o reino das Astúrias, que tinha vagas pretensões a ser o herdeiro dos visigo­dos.

(2) Os búlgaros do Volga tiraram partido das derrotas dos cazares e declararam a independência; o mesmo se passou provavelmente com os magiares, tribo finlandesa que havia migrado para a estepe e se transformara no instrumento principal de domínio cazar no Sul da Rússia. Os três poderes conservaram relações amigáveis. sendo todavia concedido um certo grau de superioridade aos cazares.

por McEVEDY, C. Atlas da História Medieval. São Paulo: Verbo-EDUSP, 1979.


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