A Civilização dos "Bárbaros"

É na obra de Tácito, Germania, que se obtém uma vi­são mais detalhada dos costumes e da vida dos povos germâ-, nicos. O autor nasceu em 55, foi questor e pretor em 88, sob a dinastia Flávia, cônsul nos tempos de Nerva, alcançou seu mais alto posto oficial sob Trajano, com a administração da Ásia. Em Germania, a manifesta simpatia de Tácito pelos ger­manos e seu conhecimento deste povo fazem crer que fora filho do procurador eqüestre da província dos belgas. É bem possível que Tácito tenha desempenhado um cargo próximo à Germânia, na Bélgica, durante sua ausência de quatro anos de Roma, o que facilitou o relato sobre aquele território e seu povo, adversário temível do Império Romano. Porém, não é como um inimigo que ele o descreve nos seus mais di­versos aspectos. Ainda que a Germania tenha se baseado, em parte, nos antigos relatos, Tácito também empregou mate­rial contemporâneo, daí a vigência de sua obra. Caso se con­siderem as fontes arqueológicas, que em muitas ocasiões completam e melhoram o relato de Tácito, tem-se a possibi­lidade, pouco freqüente para outros povos, de obter um cor­te transversal dessa região até fins do século I. Este período é um momento considerado fundamental no processo de for­mação dos diferentes povos, que se constituíram naquele conjunto histórico e cuja organização interna pode se distin­guir da dos vizinhos com toda a nitidez. A obra de Tácito torna-se, portanto, imprescindível para a compreensão da "ci­vilização bárbara" , que é complexa e variada. Porém, ater­-se-á às características mais gerais dos germanos


Aspecto social

Os germanos desconheciam Estado e cidade. Sua vida social estava centrada na comunidade, na tribo, no clã, en­fim, na família, em que o indivíduo encontrava sua razão de ser. A base de toda a estrutura social estava na sippe (comu­nidade de linhagem que assegurava a proteção ao grupo de pessoas sob sua autoridade). Numa posição superior estava a centena (fundamentada no distrito ou gau), organismo com funções judiciais e de recrutamento militar.

Dentro da família, o pai exercia autoridade absoluta so­bre esposa e filhos: a infidelidade feminina era castigada com a morte e repúdio, já que a mulher era a guardiã da pureza; as filhas, sempre tuteladas, passavam da autoridade paterna para a do marido através da venda e em troca de um dote (animais ou armas); os filhos encontravam-se, até os dez ou quinze anos, sob a autoridade do pai e ocupados com tare­fas domésticas e o cultivo da terra, quando então eram ar­mados como guerreiros pelo seu progenitor para integrarem a corte do chefe. Mesmo assim, o jovem continuava juridi­camente na sua família, que era responsável por suas faltas, dívidas e vingança. A mulher participava intensamente da vida do marido. Quando do casamento, a esposa tornava-se en­carregada da transmissão ao filho do seu dote em armas e animais e dava uma arma ao esposo para mostrar que estava pronta a dividir o perigo da ocupação de guerreiro.

A solidariedade familiar era também comprovada pelo pagamento das dívidas, liquidação do wergeld (preço do sangue) ou compensação pecuniária, quando eram crimino­sos, e vingança, quando eram vítimas, através da guerra pri­vada (faida). O wergeld foi criado para diminuir os excessos da vingança privada e restabelecer a ordem desejada pelos deuses. Para isso, estipulava-se uma quantia proporcional à importância do delito ou à posição social da vítima. Podia inclusive haver transmissão de dívidas, como ocorria com os sálios (chrenecruda).

O elemento social fundamental eram os homens livres, os guerreiros, cuja morte implicava uma indenização eleva­da. Além de portarem armas, tinham o direito de expor nas assembléias sua opinião. Em um escalão inferior, estavam os semilivres, oriundos. de povos vencidos. Eram numerosos, mas talvez não constituíssem maioria em todos os lugares. Por último havia os escravos, domésticos ou dedicados ao culti­vo das terras. Eram cativos, prisioneiros de guerra ou deve­dores insolventes, que estavam ligados à cultura do· solo. Podiam ser resgatados, tornando-se semilivres; porém, não faziam parte do povo germânico, pois somente uma família dava ao germano possibilidade de ser livre. Riché acrescenta uma aristocracia de nascimento (linhagem) ou de valor, pro­prietária da maior parte das terras que dirigiria a tribo (ada­lingi). Este grupo tinha a prerrogativa de servir nas tropas de cavalaria, influência da vizinhança dos povos iranianos que faziam grande uso do cavalo. O considerável grau de in­fluência da nobreza germânica pelo viver daquele povo de ginetes pode ser evidenciado pela situação que se apresentou na época das grandes "invasões bárbaras". Porém, Musset considera duvidosa a existência, em muitos povos, de uma nobreza estranha às famílias reais.


Aspecto político

O caráter militar é o traço mais típico da sociedade ger­mânica. A guerra era a razão de ser do germano, que devia sempre estar preparado para o ataque. Suas armas eram prin­cipalmente ofensivas: lanças, espadas longas com duplo cor­te e machados. A organização dos exércitos "bárbaros" descansava no serviço de todos os homens livres em estado de combater, equipar-se e alimentar-se, pelo menos, para uma curta expedição. As mulheres também davam sua contribui­ção, incentivando os guerreiros. Estes, caso fossem vencidos, se matavam no campo de batalha ou se entrincheiravam nas fortalezas da floresta, esperando uma nova ocasião. Os acha­dos arqueológicos confirmaram toda essa belicosidade, pois nos túmulos encontraram-se grandes quantidades de armas.

Uma das principais atividades dos germanos estava li­gada à guerra: a metalurgia das armas, arte na qual eram in­superáveis. Esta superioridade técnica proporcionava uma vantagem garantida aos germanos nas guerras que empreen­diam. Somada à técnica, havia também a estratégia. Tácito, ao se referir aos chattos, revela que possuíam um autêntico exército profissional provido de um corpo de engenheiros e dotado de perícia para manobrar, fortificar-se sobre o pró­prio terreno e escolher os chefes mais capazes.

Os objetivos fundamentais eram de ordem militar, e as únicas subdivisões sólidas encontravam-se no exército. A base da hierarquia social caracterizava~se por uma instituição es­sencialmente guerreira, o séquito (comitatus), formado pe­los chefes que congregavam grupos de jovens guerreiros que haviam prestado juramento e cuja fidelidade tinha sido pro­vada. Os chefes e seus jovens companheiros eram organiza­dos para o combate por tribos. Posteriormente, adotaram-se as divisões territoriais. O mando estava nas mãos de chefes hereditários ou dos ricos que se achavam à cabeça de um im­portante comitatus. Criava-se assim um setor de pessoas de­pendentes e um grupo de homens livres para o serviço de armas na guerra e nas expedições de botim. O enriquecimen­to dos chefes favoreceu sua transformação em proprietários. Deste setor, surgiu o grupo dirigente da formação política, seja em uma espécie de principado ou em forma de monar­quia. Foi desta nobreza que saíram os chefes do exército da época tardia.

Em tempo de paz, os poderosos somente tinham a au­toridade que lhe conferiam sua influência social e número de fiéis. Os reis acrescentavam à sua autoridade o prestígio reli­gioso. Porém, o verdadeiro poder pertencia à assembléia lo­cal de homens livres (mallus), que era celebrada periodi­camente ao ar livre. Uma vez por ano, os grupos se reuniam em um lugar sagrado, perto de uma árvore ou montanha, para discutir a eleição do chefe, empreender a guerra ou julgar con­tendas entre as tribos.

Em tempo de guerra, os chefes hereditários ou escolhi­dos (duces) tinham um poder quase absoluto, exceto no que diz respeito aos direitos elementares, como o botim. A riva­lidade entre os clãs originou,..se dos esforços em obter influên­cia na direção dos grupos políticos, o que ocasionava duradouras guerras.

Na época das invasões, os povos germânicos apresenta­vam-se distintamente do que retratou Tácito. Alguns consti­tuíram-se em células elementares muito coerentes, mas pouco numerosas, enquanto outros formavam vastas confedera­ções, constantemente sujeitas à absorção ou dissolução. Havia também graus intermediários. Nessas associações maiores entravam vários elementosaglutinadores: socio­lógicos (comunidade de antepassados, matrimônios mis­tos), religiosos (comunidade de culto), geográficos (região habitada), lingüísticos (particularidades dialetais), econô­micos (botim) e étnicos. Contudo, na maioria das vezes, o determinante era político. Quase todos os povos que divi­diram o saque do Império tiveram como agregador uma rea­leza dinástica, o que não era um traço primitivo dos germanos segundo Tácito e César. Estes falavam em suas obras de nu­merosos povos "republicanos". A monarquia era uma insti­tuição que dominava na parte oriental do limes imperial.

A luta com Roma e a divisão dos despojos favoreceram a rea­leza. Esta tinha um duplo caráter: religioso e militar, cuja intensidade de cada tipo de poder variava de acordo com o povo.

A sobrevivência das confederações, sobretudo as maio­res, dependia do sucesso que obtinham. Repetidos fracassos acarretavam a dissolução e o desaparecimento de seu nome. Seus componentes ganhavam sua liberdade ou entravam pa­ra outros agrupamentos. Estes podiam ser de dois tipos: um grupo reduzido, que defendia o seu nome e a dinastia, e ou­tro composto de camadas externas supostas. O primeiro, por sua extensão, era mais fácil de ser aniquilado; porém, enquan­to subsistia, era dotado de forte "consciência étnica".


Aspecto econômico

Os germanos eram simultaneamente guerreiros e cam­poneses, situação esta figurada no seu instrumento, a frânci­ca, que não era apenas uma lança, pois servia igualmente para o arroteamento. As guerras tinham freqüentemente como ob­jetivo a conquista de novas terras e a aquisição de mão-de­-obra servil. Na época das colheitas, interrompiam-se as guerras.

A vida econômica era muito diversa segundo a região. Os saxões e frísios,habitantes das planícies úmidas, pratica­vam a pecuária bovina. Os germanos dos bosques faziam, em áreas queimadas, um cultivo mais ou menos intermiten­te, organizado pela coletividade; os das estepes concediam grande importância à criação eqüestre. Assim, os germanos viviam da pecuária (bois, cavalos e ovelhas) e agricultura, jun­tamente com a pesca e a caça.

O rebanho (uma espécie de bem da c.omuna) pastava na terra em pousio. De acordo com a região, cultivava-se, com uma técnica rudimentar, trigo, aveia ou linho, a cada dois ou três anos. As condições de solo não ajudavam.

Os germa­nos instalavam-se em clareiras por alguns anos, onde arro­teavam o terreno com pesadas charruas. Esgotadas as terras, procuravam novas. Riché vê este seminomadismo como uma explicação para o fracasso de os germanos formarem um Es­tado estável. A existência de ricas terras ultrapassando o li­mes imperial (Reno e Danúbio) foi uma motivação para as invasões. Para cultivar o solo, empregavam-se os antigos pri­sioneiros de guerra, transformados em escravos ou semilivres. Nessa atividade, deve-se destacar ainda a participação da mu­lher, que se ocupava desse afazer enquanto os homens esta­vam nas guerras. Apenas os homens livres possuíam a terra. Apesar da existência da propriedade individual, a explora­ção das terras era sempre coletiva, devido às condições da agricultura, que exigiam um acordo de alternância da pecuá­ria com o cultivo. Da terra os germanos tiravam os meios para sua alimentação, habitação (barro ou madeira) e vestimenta.

O artesanato era modesto, principalmente a cerâmiclt e a tecelagem. Desenvolveu-se a atividade de metalurgia, por ser essencial à guerra para confecção de armas, carros de combate e barcos. Os germanos tinham uma técnica apurada, em que empregavam o endurecimento do aço pelo azote. Havia inclusive façanhas lendárias envolvendo ferreiros (Mimir e Wieland).

A ourivesaria era outra atividade em que os germanos se destacaram devido ao seu caráter decorativo. Fíbulas, placas de cinturões e outros artefatos possuíam suas superfícies totalmente decoradas com figuras de animais estilizados ou com abstrações geométricas (círculos, cruz gamada ete.). A ilustração zoomórfica era característica da "arte das estepes" transmitida aos gados e, depois, aos outros germanos, pelos sármatas.

As atividades comerciais existiam, há longo tempo, en­tre os povos nórdicos e mediterrâneos, e, cada vez mais, se voltavam para o Império Romano. Apesar da penetração de moedas romanas em grande quantidade na Germânia e Es­candinávia, elas não foram utilizadas para troca, pois o pa­drão era ainda o gado ou as barras ou argolas de metal precioso. Essa região continuava refratária à vida urbana.


Aspecto religioso

É difícil afirmar se houve uma unidade religiosa entre os germanos. Ignora-se o culto de alguns povos essenciais, como os godos. As fontes escasseiam no período entre Táci­to e as missões cristãs. Assim, há informações muito antigas (César e Tácito) ou mais recentes (Edda escandinava). Con­tudo, os trabalhos arqueológicos ajudam na elucidaçãodes­te quadro.

De uma primeira época, César mostra a grande diferen­ça entre os galos e os germanos ao se referir à existência de um corpo sacerdotal entre os primeiros (druidas). Os germa­nos não tinham uma casta sacerdotal; entretanto, alguns de­les podiam ter a função de "padre", o que não durou muito tempo. Estes foram substituídos pelos pais de família ou che­fes de tribo quando das assembléias ou libações rituais de vi­nho. Eram os chefes das famílias que dirigiam os sacrifícios domésticos. As mulheres tinham um papel de destaque co­mo profetisas (por exemplo, Véleda) ou mágicas. Tanto os "padres" como essas mulheres conheciam o caráter secreto das runas (escritura germânica). Parece que tinham um va­lor decorativo e mágico para a proteção dos guerreiros, Es­ses sinais eram gravados em madeira, armas, jóias ou pedras, resguardando seus portadores.

Não havia templos. Os rituais ocorriam nos bosques sa­grados, picos de montanhas ou próximos de fontes ou árvo­res, em certas datas (solstício, lua nova). Praticavam-se então sacrifícios animais ou humanos, presididos pelos "padres".

Havia três reuniões anuais para obter boa colheita, cresci­mento das plantas e vitórias nas guerras. Estas também po­diam ser comemoradas com sacrifícios de armas e prisioneiros. Faziam-se procissões com carros de combate, bem como algumas práticas adivinhatórias.

Os germanos adoravam essencialmente a natureza e suas forças, que atuavam como em um campo de batalha, em que se defrontavam os deuses. O espírito belicista desse povo não poderia estar ausente da sua religião. Encontravam-se no pan­teão germânico grandes figuras divinas, tais como: Wotan (ou Odin), que preside o comércio, combates e tempestades - deus aristocrático por excelência; Tiwaz, que dirige o céu e protege as assembléias; Donar (ou Thor), senhor dos raios e que é invocado antes de ir à guerra; Nerthus, a deusa da fecundidade, festejada na primavera (sempre presente nas so­ciedades agrárias); Freya, divindade do amor e do fogo. Al­guns desses nomes estão presentes no calendário: terça-feira é o dia de Tiwaz (Tuesday), quinta-feira, de Danar (Thurs­day) e sexta-feira de Freya (Friday). Igualmente existem nu­merosos seres invisíveis, espíritos e gigantes, expressos na literatura germânica. Entre os espíritos malignos, sobressai Loki, que, com a ajuda dos deuses, criou o homem, dotando­-o assim de uma parte boa e outra má. Tácito revelou a exis­tência de poemas, cantos heróicos e mitológicos, invocando alguns heróis em relação direta com os deuses: Tuisto, Buri, Marin e Ingo.

A religião germânica caracterizava-se por quatro elemen­tos: o caráter escatológico, pois tudo foi criado e, portanto, devia terminar, sejam deuses ou homens; o pensamento fa­talista, ao prever que a grande batalha entre os deuses e os espíritos malignos aniquilaria a todos; a crença em uma vida após a morte (Walhalla e Hel), expressa na incineração ou inumação com os utensílios, armas e adornos dos mortos; o espírito bélico, próprio de uma aristocracia guerreira, que privilegia os sentimentos de honra e fidelidade, recompensando-os guerreiros, quando mortos em batalha, com uma vida entre os deuses no Walhalla, levado-os pelas valquírias – donzelas guerreiras filhas de Wotan, o referido fatalismo foi atenuado com a esperança de surgir um mundo de paz, após a guerra final, no que ressucitariam os filhos dos deuses e homens. Contudo, nessa existência predominava a guerra e a morte.


Aspecto cultural

A produção artística e cultural dos germanos estava pro­fundamente interligada ao seu espírito guerreiro. No decor­rer dos banquetes, os cantores improvisavam poemas épicos em honra aos heróis germânicos. A epopéia e a lenda dos he­róis germânicos vinculavam-se à mitologia germânica acima descrita. Os cantos épicos constituíam uma manifestação das virtudes valorizadas por esse povo. No centro desta epopéia, ressaltava-se o herói, descendente de um personagem divino.

Cada tribo ou clã tinha sua saga, espécie de lenda em que se fazia uma recordação gloriosa dos antepassados. Era a expressão literária mais elementar. Mitre cita a tipologia elaborada por Gonzague Reynold para classificar essas ma­nifestações poéticas centradas nos heróis. Assim, apresenta­ram-se cinco ciclos: ostrogóticos (Ermanarico e Teodorico); franco (Sigfrido); burgundio (Gunther e seus irmãos e a he­roína Kriemhild); lombardo (rei Rothari, Ortmit, Hugdietrich e sua filha Woldfdietrich); aquitânio (Walter ou Gouthier). Estes compõem os ciclos da Germânia do continente. Faltam, contudo, os ciclos da Germânia do mar, com os poemas de Kudrun e Boewulf, os dois de origem danesa. O poema dos nibelungos, expressão significativa da epopéia germânica, foi imortalizado e popularizado pela orquestração do composi­tor alemão Wagner, no século XIX.

Os caracteres rúnicos, originados na Dinamarca, no sé­culo lI, e por influência mediterrânea, possuíam muito mais uma função mágica do que de escrita. Sem prestar grandes serviços à vida intelectual, subsistiu no continente até o sé­culo VII, na Inglaterra até o IX e na Escandinávia até o XV. Com a conversão dos godos ao arianismo, no século IV, sur­giu um tipo de alfabeto inspirado no grego e no rúnico. Este foi criado pelo bispo ariano Ulfilas ou Wulfila (311-383), que traduziu a Bíblia em língua gótica, facilitando assim a sua tarefa religiosa.

A ourivesaria, como exposto anteriormente, teve seu pa­pel de destaque como uma das mais importantes manifesta­ções artísticas dos germanos. A destreza e o gosto germânicos se revelam com grande esplendor nessa arte, na qual foram mestres.

por SONSOLES GUERRA, M. Os povos bárbaros. São Paulo: Ática, 1987.


Comentário, por Bruna Leticia Colita

O texto nos trás uma idéia inicial dos povos bárbaros, é um texto de linguagem de fácil compreenssão, e ideal para aqueles que tem fascínio por Antiguidade Tardia e pelos povos bárbaros, pois com o texto sanamos várias dúvidas quanto a conceitos, religião, modo de vida, sustento, produção, línguas, origens, arte, e guerra.

Como podemos ver no texto, a própria palavra ‘germano’ não é de única interpretação, há varias definições e possíveis origens como podemos destacar: conjunto de povos divididos pelo rio Reno e Vístula, unidos pelo sangue (gérmen = germani), termo céltico, semi-céltico,e nas entre-linhas entende-se que eles não se conheciam como germanos ou semi- célticos.

A origem destes povos também não é exata, no texto destaca-se três hipóteses mas nenhuma, com total exatidão; com a historiografia moderna outros princípios são tomados para as divisôes, são eles: geográfico e lingüistico, pelos geógrafos: Riché e Lot.

Tambem houve uma distinção dos povos germânicos através da língua.

A sociedade em que os bárbaros viviam é colocada por Tácito e nos leva a uma interpretação de muita disciplina, responsabilidade, conjunto da família, ordem, política, e principalmente guerras, como invejáveis a muitas organizações sociais.

Basicamente o homem bárbaro estava desde criança sendo preparado para ser um grande guerreiro, sem medo da morte, cresciam numa cultura diretamente relacionada com a religião, e nesta haviam vários deuses, e o valhalla é um lugar esperado por todos, porém somente bons guerreiros seriam recebidos na “casa dos deuses”.

Eram guerreiros e camponeses, viviam como semi-nômades, pois estavam sempre buscando novas terras para o plantio, e assim seu sustento; e como o clima não colaborava, estavam sempre em busca de novas terras , isso talvez justifique tantas batalhas e invasões.

Eram grandes artistas, suas armas eram de excelente qualidade e eficacia, e grandes guerreiros foram os chefes de exércitos da época tardia.

Os cantos e poemas destes povos estavam muito relacionados com o espírto guerreiro, relembravam os mortos, e faziam vinculos com a mitologia, e sempre os relembravam como heróis. Gostavam muito da natureza, estavam sempre a admirando e seus cultos eram normalmente ao ar livre, os colarese “amuletos” usados por esses povos, eram feitos a mão, algumas vezs de madeira, ferro, ouro demonstrando assim suas crenças ou admiração.

O que concluímos deste texto é precisão que o autor tenta nos passar da magnitude destes povos, suas origens e desenvolvimento, braveza e capacidade, que muitas vezes passam desapercebidas por nós, pelo fato do estudo ser feito através de fatos arqueológicos e literatura antiga.

Os bárbaros deixaram muitas raízes em nossa sociedade e não podemos deixar mais uma vez a chance de desvendarmos essas civilizações passarem desapercebidas.